
A Relação Preceptor-Residente
O preceptor, ao acompanhar diretamente o residente em suas práticas, acaba por conduzir, quase que plenamente, o processo de ensino-aprendizagem, transformando as atividades desenvolvidas no dia-a-dia do trabalho em momentos educacionais. Ele deverá oportunizar experiências de aprendizagem ao residente durante sua vivência no campo e, para tal, necessitará prover de conhecimentos que vão além dos saberes inerentes à sua profissão.
Diferentemente das relações verticalizadas, a horizontalidade da relação preceptor-residente permite que o educando tenha abertura para expressar livremente suas opiniões e questionamentos e faz com que o preceptor mantenha-se acessível e disposto a ouvir. Além disso, o preceptor não deve assumir-se perante o residente como detentor de todo o saber, mas sim, admitir seus próprios desconhecimentos, mostrando-se disposto a também aprender nesta interação educativa (1-2).
Através do conhecimento pedagógico, o preceptor atuará como mediador no processo de ensino-aprendizagem, compartilhando com o residente o ensinar e aprender, através da troca de experiências e reflexões em cenários de atenção à saúde (2-3). Para tal, ele necessita mobilizar saberes e estratégias para conduzir esta interação educativa, pois é essencial saber ensinar de forma a ser compreendido. Esta compreensão dos conhecimentos, por parte dos residentes, concretizar-se-á no discernir, refletir e agir sobre o cotidiano o qual estão experienciando (3-4).
O profissional, ao exercer a preceptoria, reconhece a residência como uma prática educativa que demanda planejamento, competência, capacidade de improvisação e sensibilidade. Ele precisará, além da competência profissional, de qualidades como generosidade, comprometimento, consciência, liberdade, dialogicidade, segurança, compreensão do caráter político do educar e tomada de decisão Além das estratégias didáticas que devem permear esta ação, outros saberes são importantes no

REFERÊNCIAS:
1 Silva GTR, Espósito VHC, Nunes DM. Preceptoria: um olhar sob a ótica fenomenológica*. Acta Paulista Enferm. 2008; 21(3): 460-65.
2 Ribeiro VMB (Org). Formação Pedagógica de Preceptores do Ensino em Saúde. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2011, p.126.
3 Ribeiro KRB, Prado ML. A Prática Educativa dos Preceptores nas Residências em Saúde: um estudo de reflexão. Rev Gaúcha de Enferm. 2013; 34(4): 161-65.
4 Autonomo FROM. A preceptoria em saúde a partir das publicações brasileiras [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca – Fundação Oswaldo Cruz; 2013.
exercício da preceptoria, como o conhecimento dos alunos, do currículo do programa, dos valores educacionais da IES e do contexto educativo no qual estão inseridos (3).
Na prática, o preceptor é o profissional de referência para o residente, cabendo a ele o papel de orientação nos conhecimentos relativos ao campo e núcleo em sua área de atuação, bem como, em relação às ações interdisciplinares.
Não reconhecer o ensino como intrínseco a sua prática, pode levar o preceptor a não estabelecer uma relação pedagógica com o residente, reduzindo essa interação educativa a simples delegação de suas atividades cotidianas. Desta forma, através da problematização acerca da realidade, ele conduzirá o residente no processo de ação e reflexão para a reconstrução da sua prática diária. Nesse processo de troca, o preceptor também agrega conhecimentos, pois os homens se educam nas relações estabelecidas entre si e com o mundo.
Mda Rafaela Milanesi.