
As Redes de Atenção à Saúde
Atualmente, para o enfrentamento dos desafios do cenário atual do setor saúde, o trabalho em equipe e a prática interprofissional são preponderantes (1). Por intermédio destes, a consolidação do atual modelo de atenção é viabilizada, partindo do modelo biomédico, marcado pela fragmentação das ações, rígida divisão e despersonalização do trabalho, para o modelo de atenção integral, que apreende o conceito ampliado de saúde, contextualizado nas necessidades da população, articulando ações de promoção, prevenção e recuperação, dentro das redes de atenção à saúde (RAS) (1-2).
As redes de atenção à saúde são organizações poliárquicas que permitem ofertar uma atenção contínua e integral a determinada população. São constituídas por um coletivo de serviços de saúde de diferentes densidades tecnológicas, que interagem de forma cooperativa e interdependente, tendo uma única missão e objetivos comuns. Suas ações levam em consideração o tempo, o lugar e os custos certos, para a prestação de serviços de forma humanizada, com qualidade e cientes de suas responsabilidades sanitárias e econômicas (2).
REFERÊNCIAS:
1 Peduzzi M et al. Educação interprofissional: formação de profissionais de saúde para o trabalho em equipe com foco nos usuários. Rev Escola de Enfermagem USP. 2013; 47(4): 977-83.
2 Mendes EV. Redes de Atenção à Saúde. Ciência & Saúde Coletiva. 2010; 15(5): 2297-305.
3 Ceccim RB, Feuerwerker LCM. O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva. 2004; 14(1): 41-65.
4 Mendes EV. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. 549 p.

comunicam. Os nós são compostos pelos centros de comunicação (atenção primária à saúde), pelos pontos de atenção secundários e terciários (pontos da rede onde se ofertam determinados serviços especializados, com diferentes densidades tecnológicas) e pelos sistemas de apoio (diagnóstico e terapêutico). As ligações entre os pontos são representadas pelos sistemas logísticos e de governança institucional, gerencial e de financiamento da rede de atenção à saúde (2,4).
Por fim, o terceiro elemento constitutivo das RAS, os modelos de atenção, são descritos como o modelo lógico que organiza o funcionamento das redes (2,4). São conformações que os sistemas de saúde adquirem, em determinado tempo e lugar, que tem por finalidade articular de forma singular as relações entre a população e suas subpopulações estratificadas por riscos, os enfoques das ações de saúde em diferentes momentos da história das doenças e os variados tipos de intervenções sanitárias, visando o enfrentamento e a resolutividade dos problemas de saúde existentes em uma coletividade (2,4).
Partindo dessa definição, emergem algumas características básicas das RAS, sendo elas: o compartilhamento de uma missão e objetivos comuns; a utilização do modelo de atenção integral; a prestação cooperativa e interdependente de serviços; o constante intercâmbio de recursos; organização de forma poliárquica, onde os serviços absorvidos pela rede tem igual importância, sem haver relações de subordinação, mas sim relações horizontalmente constituídas, implicando em um
contínuo de atenção nos níveis primário, secundário e terciário; o enfoque no ciclo completo de atenção a uma condição de saúde; e a prestação de serviços de forma segura e eficiente, em consonância com as melhores evidências disponíveis (2-3).
A operacionalização das RAS se dá através dos seus três elementos constitutivos: a população, a estrutura operacional e o modelo de atenção à saúde (2,4).
A população como elemento constitutivo, trata da habilidade de um sistema de saúde em estabelecer as necessidades de uma população específica, adscrita em um determinado território sob sua responsabilidade, visando prover o cuidado para as pessoas no contexto ao qual estão inseridas (2,4).
O segundo elemento, a estrutura operacional, é constituída pelos nós das redes e pelas ligações materiais que as
Esta configuração de modelo de atenção parte da necessidade de mudança dos sistemas de saúde, para que possam responder de forma efetiva, eficiente e segura às situações de saúde repletas de condições crônicas e que não poderiam ser sanadas em sistemas de saúde organizados de forma fragmentada, voltados prioritariamente às condições agudas (2,4). Por conseguinte, o sistema de saúde atual conta com modelos de atenção para condições agudas e crônicas (2).
Os modelos de atenção às
condições agudas, onde a ênfase de atenção ao paciente crítico (objeto deste estudo) vincula-se, tem por objetivo identificar à gravidade de uma pessoa em situação de urgência ou emergência no menor tempo possível, determinando assim o ponto de atenção mais apropriado àquela situação, levando como variável crítica, o tempo de resposta requerido pelo risco classificado (2,4). Dessa forma, há de se distribuir os usuários equilibradamente por todos os pontos de atenção da rede, segundo os riscos que cada um apresenta. Como exemplo, pessoas portadoras de urgências menores, classificadas como azuis ou verdes (baixa complexidade) deverão ser atendidas em serviços de atenção primária à saúde e não em hospitais terciários de urgência e emergência. Portanto, visando à melhoria da atenção às condições agudas e aos eventos decorrentes das agudizações das condições crônicas, implantou-se a Rede de Atenção às Urgências e Emergências.
Mda Rafaela Milanesi.